O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou na quarta (6) o grande número de formandos em direito nas universidades brasileiras, durante a cerimônia de credenciamento do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio de Janeiro, como instituição de educação superior. Ele defendeu uma mudança no foco educacional, enfatizando a importância da formação em ciências exatas para o desenvolvimento nacional.

Lula afirmou que há uma disparidade no volume de
advogados formados no Brasil em comparação com países como China e Índia,
ressaltando que é preciso priorizar cursos “primordiais para o
desenvolvimento de uma nação”, como matemática, engenharia e física,
considerados essenciais por ele para a competitividade global.

“Me parece que o Brasil é um dos países que mais
formam advogados no mundo. Nem a China e a Índia juntos, que formam 2,6 bilhões
de habitantes, formam mais advogados que o Brasil”, declarou o presidente.

Apesar de ressaltar que não tem objeções à formação em direito, Lula sublinhou a importância de equilibrar os cursos para atender às demandas do mundo contemporâneo. A quantidade expressiva de advogados é apontada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) como resultado da abertura indiscriminada de cursos de direito pelo país.

Um estudo do Conselho Federal da entidade revelou
que o Brasil possui a maior proporção de advogados por habitante no mundo, com
1 para cada 164 habitantes. Apesar disso, o país perde apenas para a Índia em
números absolutos, com 1,3 milhão de profissionais da área.

“A gente precisa que a gente forme mais em
matemática, engenharia, física. É preciso que a gente pegue aqueles cursos que
são primordiais para o desenvolvimento de uma nação, aquilo que o mundo hoje
necessita para que a gente possa ser mais competitivo”, ressaltou Lula.

Durante o discurso, o presidente também reiterou
a defesa pela ampliação de recursos para a educação, destacando que esse é um
investimento fundamental para o país. Ele criticou pessoas que, ao mesmo tempo,
elogiam países do Sudeste Asiático que investiram em educação, mas reclamam da
ampliação de vagas no Brasil.

“A gente cita Singapura como exemplo, Taiwan. Um paizinho pequeno. E no Brasil, toda vez que você tenta dar oportunidade para todos, [dizem]: ‘A gente vai cair a qualidade’”, afirmou Lula.