A turista brasileira que foi vítima de um estupro coletivo na Índia compareceu neste domingo a um tribunal do país para prestar depoimento perante um juiz, da mesma forma que seu marido, que é espanhol e foi severamente espancado pelo mesmo grupo. O depoimento é a primeira etapa de um eventual julgamento contra os três suspeitos detidos até agora, segundo informou à reportagem uma fonte policial próxima ao caso.
O casal, que passou a primeira noite após o ataque recebendo
tratamento médico em um hospital, foi transferido na noite de sábado para uma
casa oficial do governo regional em local não revelado, segundo informaram fontes
do centro médico onde estavam localizados, e que pediram anonimato. A
residência é uma casa de hóspedes para a estadia de funcionários do governo
indiano quando estão em viagens oficiais.
A brasileira – que tem cidadania espanhola – e seu marido
viajavam havia vários meses para percorrer a Índia de moto. Na última
sexta-feira, montaram uma tenda para passar a noite no distrito de Dumka, uma
área remota no estado de Jharkhand, perto de uma delegacia de polícia, quando
um grupo de homens os atacou por volta da meia-noite. “Eles nos atacaram na
tenda, nos espancaram, colocaram uma faca na minha garganta dizendo que iam nos
matar, e sete homens a estupraram”, disse o marido em uma gravação de vídeo
feita no sábado, no hospital em que eles receberam tratamento.
Com hematomas em todo o rosto, a brasileira acrescentou que eles também foram assaltados pelos homens que a violentaram. “Tínhamos muito pouco, o verdadeiro motivo deles era me violentar”, declarou ela no vídeo. A polícia pediu às vítimas que evitassem novas declarações públicas para não afetar a investigação, enquanto o casal solicitou expressamente para não ser identificado em público.
Três pessoas já foram presas, mas podem ser liberadas se “provas
não forem suficientes”
Até o momento, foi confirmada apenas a detenção de três dos
envolvidos que, segundo a polícia, admitiram os fatos, embora as autoridades
não tenham especificado em quais crimes reconheceram sua participação. Os
depoimentos das vítimas são um primeiro passo para o tribunal ratificar as
detenções e formalizar as acusações criminais. Isto, juntamente com uma
investigação limpa, garantiria que os envolvidos não evitassem a prisão.
A lei estabelece penas severas para o estupro, a maioria das
quais inafiançáveis. Um estupro, de acordo com o Código Penal indiano, é
punível com pelo menos 10 anos de prisão, e um estupro coletivo com pena de
prisão perpétua.
Uma fonte judicial consultada pela EFE explicou que, para que o processo seja realizado à risca, o depoimento deverá ser feito separadamente pela polícia e as provas periciais deverão ser recolhidas nas 24 horas seguintes. O passo que o casal de turistas realizou no domingo foi o depoimento perante o magistrado, aquele que serve de prova para o julgamento. Os acusados também devem comparecer ao tribunal e a polícia pode pedir à vítima que reconheça os agressores, sendo que estes também deverão submeter-se a exames médicos. Ainda assim, a fonte consultada pela reportagem alertou que, se as provas contra os suspeitos não forem suficientes, a polícia pode libertá-los no prazo de 24 horas.
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