O presidente do Banco Central, Roberto Campos
Neto, confirmou nesta quinta (18) que a autoridade monetária pode fazer novas
intervenções no mercado de câmbio brasileiro para segurar a escalada da cotação
do dólar, que vem subindo por conta de turbulências no mercado internacional.
A última intervenção na negociação da moeda estadunidense ocorreu no começo de abril, quando o BC injetou US$ 1 bilhão no mercado para conter a alta da moeda, que chegou a R$ 5,06 no dia 1º. Nesta quinta (18), o dólar chegou a bater R$ 5,27.
Campos Neto ressaltou que o mercado está
altamente sensível a qualquer declaração sobre a política monetária dos Estados
Unidos, o que tem influenciado a valorização do dólar, atingindo o maior valor
em relação ao real em mais de um ano. E enfatizou que o Banco Central intervirá
no mercado cambial apenas para corrigir disfunções.
“Vimos que o processo de desinflação [global] foi reprecificado, e agora passamos a uma fase que vemos uma probabilidade maior de ter taxas de juros mais altas [no mundo] por mais tempo. Também vínhamos alertando que a dívida do mundo desenvolvido vinha subindo muito”, pontuou.
O presidente da autoridade monetária ainda alertou
para o aumento da dívida nos países desenvolvidos, o que poderia resultar em
custos de rolagem elevados e menor liquidez nos países emergentes. E isso pode
impactar na trajetória dos juros no Brasil, mas que, diz, ainda é necessário
aguardar para avaliar.
A próxima reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom) está marcada para 7 e 8 de maio. Com a recente turbulência,
as expectativas do mercado para um corte na taxa básica de juros (Selic)
diminuíram, passando de 0,5 ponto percentual para 0,25 p.p. A Selic atualmente
está em 10,75% ao ano.
A revisão das expectativas foi influenciada pela mudança na meta fiscal brasileira e por eventos internacionais, como as tensões no Oriente Médio e a postergação dos cortes de juros pelo Federal Reserve, o Banco Central dos EUA.
Campos Neto compartilhou a coletiva de imprensa
com o ministro Fernando Haddad (Fazenda), destacando que a mudança de postura
do Fed pegou o mundo de surpresa, afetando o mercado financeiro. Haddad
ressaltou a cautela necessária diante das incertezas, observando que o
reposicionamento global em torno desses eventos será significativo.
“Quando saiu a inflação brasileira de março, saiu meia hora depois a americana. Se você pegar o que aconteceu com o mercado nessa meia hora, dá para entender bem a mudança de humor. Quando o mercado aposta forte, qualquer reversão de expectativa machuca muito o investidor, e o mercado estava muito comprado, e com razão, na tese de que em algum momento no primeiro semestre o Fed ia começar o ciclo de cortes”, completou o ministro.
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