Pelo menos oito pesticidas estão presentes em boa parte dos rios da bacia do Rio Araguaia, que banha os estados de Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Pará. Essa é uma das conclusões de um estudo recente feito pela Universidade Federal e Estadual de Mato Grosso, junto com as federais de Santa Maria e de Goiás.
Um dos responsáveis pelo estudo, o pesquisador Dilermando Pereira Lima Júnior, colheu amostras de água no Araguaia e encontrou oito tipos de pesticidas em baixa concentração. Entretanto, chamou atenção o fato que essa contaminação ambiental já atinge todas as sub-bacias da região.
“Se a gente for considerar, por exemplo, as normas europeias para contaminação, muitas dessas águas que a gente pegou poderiam ser consideradas não potáveis mais, ou seja, não destinadas para consumo humano. O que leva a uma discussão séria, dessa contaminação influenciando a qualidade de vida aqui, nas populações humanas da região”.
De acordo com a pesquisa, a presença das substâncias representa “riscos significativos tanto para os ecossistemas aquáticos como para os meios de subsistência humanos”, mas ainda não há uma “relação clara” com a cultura de milho e soja comuns na região.
Dilermando Pereira explica ainda que seria necessário testar a influência de fatores como o manejo do pasto e a preservação da mata ciliar e do solo.
“Este trabalho foi o primeiro que nós fizemos, para um monitoramento de longo prazo para, aí sim, definir claramente quais são os principais agentes. Se é realmente agricultura, pecuária. Porque quando a gente fala desses agentes econômicos, a gente não pode ser leviano e acusá-los. Mas também não pode dar salvo conduto pra eles, achar que eles podem fazer tudo”.
Nossa produção tentou contato com a Secretaria de Meio Ambiente do Tocantins, questionando como é realizado o monitoramento da qualidade das águas, mas não houve retorno até o fechamento desta reportagem.
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