O ministro Carlos Fávaro, da Agricultura e Pecuária, diz que entidades do setor fizeram uma “conspiração contra o povo” ao tentar barrar na Justiça o leilão para a compra de arroz importado, realizado na quinta (6). O processo rendeu 263 mil toneladas e ocorreu após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) derrubar uma liminar pedida pelo partido Novo na quarta (5).
Fávaro afirma que o preço do arroz no Brasil disparou após a tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul no mês passado, o que levou o governo a encomendar a compra do grão no mercado externo para evitar um possível desabastecimento. A alegação é de que, embora 80% da safra gaúcha já tivesse sido colhida, a distribuição foi afetada por estragos nas rodovias.
“[Foi] uma conspiração contra o povo brasileiro, uma vez que o arroz faz parte da alimentação básica. Antes de qualquer movimento de fazer leilão, nós conversamos com sindicatos rurais, Federarroz do Rio Grande do Sul, indústrias e cooperativas. Com a anuência, inclusive, para a retirada da TEC (Tarifa externa Comum) de 12%”, disse Fávaro em entrevista à Folha de São Paulo.
O ministro considera que o leilão foi “um sucesso contra a especulação”. “Há um mês e meio, o arroz tipo 1, longo e fino, pacote de 5 quilos estava em torno de R$ 25 a R$ 27 no mercado brasileiro. Após a tragédia, subiu para R$ 35 a R$ 40”, pontua.
O leilão permitiu a importação de arroz a preços que variam de R$ 24,98 a R$ 25 por pacote de cinco quilos, valores que Fávaro considera condizentes com o mercado mundial. O governo gastou R$ 1,3 bilhão na compra do grão.
O governo, segundo ele, avalia os impactos da entrada do grão importado e não descarta a realização de novos leilões se necessário, embora prefira observar a situação do estado e incentivar a produção local antes de tomar novas medidas. O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento, Edegar Pretto, afirmou que leilões adicionais podem custar mais de R$ 7 bilhões.
A alta dos preços do arroz, em decorrência das enchentes, refletiu na inflação. Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostraram que, após oito quadrissemanas de queda, o cereal voltou a subir, registrando uma alta média de 0,72% em maio. Como a Fipe utiliza a média móvel de quatro semanas, o impacto real para o consumidor pode ser superior a 0,72%.
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