O Observatório da Internet de Stanford, um laboratório voltado para a área da pesquisa do combate à desinformação que colaborou com o governo americano a favor da censura nas redes sociais durante a pandemia e as eleições presidenciais de 2020 nos Estados Unidos, deve em breve fechar as portas.
Segundo o jornal The Washington Post, o observatório perdeu a maior parte de seus funcionários, tendo no momento apenas três. Os últimos profissionais deverão sair ou encontrar posições no Centro de Política Cibernética da mesma universidade.
Uma das iniciativas do observatório em 2020 foi a “Parceira de Integridade das Eleições” (EIP) para combater “desinformação” durante o pleito daquele ano. Órgãos do governo americano, como o Departamento de Segurança Interna (DHS), criado por George W. Bush em 2001 para combater terrorismo, faziam parte da EIP.
Revelações dos Twitter Files
Os Twitter Files mostraram que, durante a pandemia, um conluio entre agências governamentais e entidades civis, incluindo o Observatório da Internet de Stanford, recomendou a censura até de informações verdadeiras para evitar hesitação vacinal. O Twitter tinha um sistema chamado Flashpoint, usado para receber denúncias de várias entidades governamentais contra perfis a serem censurados. Além das agências governamentais, ONGs como o Atlantic Council, Aliança para Assegurar a Democracia, e o Observatório de Stanford participaram ativamente desses esforços.
O Observatório da Internet de Stanford criou a EIP em 2020, que foi rebatizada como Projeto Viralidade para expandir suas atividades contra a suposta desinformação relacionada à Covid-19. A EIP colocou tarjas de aviso de desinformação em 22 milhões de tweets até as eleições de 2020. Os documentos revelam que a parceria foi, na verdade, uma iniciativa do DHS, apesar de ter sido apresentada como um projeto de pesquisa independente de Stanford. A EIP funcionava através de um sistema de tickets para solicitar a censura de conteúdos nas redes sociais.
E-mails internos do Twitter mostraram que a ideia da EIP veio diretamente do DHS e não de estudantes de Stanford, como alegado. A EIP, disfarçada de projeto de pesquisa, recomendava a remoção de conteúdos e suspensão de contas nas redes sociais. O Comitê Judiciário dos EUA confirmou que a verdadeira função da EIP era servir como um canal de censura para o governo federal.
As revelações dos Twitter Files destacam uma colaboração estreita entre a CIA, DHS, empresas de tecnologia, e consultorias de desinformação, como o Observatório da Internet de Stanford, para controlar e censurar conteúdo nas redes sociais. A censura incluiu informações verdadeiras sobre a pandemia e eventos políticos, com impacto significativo em países como o Brasil durante as eleições de 2022. Estas ações levantam questões sérias sobre a interferência governamental na liberdade de expressão e o uso de desinformação como pretexto para censura.
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