PNI 50 anos: queda na taxa de vacinação resultou na volta do sarampo


Em setembro de 2016, o Brasil se despedia das Paralímpiadas do Rio de Janeiro, quando se tornou medalhista de ouro também em outra arena: o sarampo estava oficialmente erradicado do nosso território. Infelizmente, bastaram poucos anos de queda nos índices vacinais para a doença voltar e em 2018 um novo surto eclodiu com mais de 10 mil casos e 12 óbitos. No ano seguinte, a situação foi ainda pior, com quase 21 mil pessoas infectadas e 16 mortes.

O sarampo é causado por um vírus altamente infeccioso e uma pessoa doente pode transmiti-lo para até 90% das pessoas não imunizadas com quem tiver contato. A coordenadora da Assessoria Clínica do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz, Lurdinha Maia, acredita que as pessoas se esqueceram da gravidade da doença.

“Não é uma doença trivial. Em cada mil crianças, podem ocorrer de uma a três mortes. Isso é grave, mas também pode dar um quadro de encefalite, de infecção no ouvido, pneumonia.”

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, antes de 1980, o sarampo chegou a matar mais de 2,5 milhões de pessoas por ano no mundo. Para se ter uma ideia, esse número é maior do que as vítimas fatais do primeiro ano da pandemia de covid-19. E não são apenas as mortes que preocupam, já que um em cada dez infectados desenvolve uma infecção aguda no ouvido que pode resultar em perda auditiva permanente.

A Opas estima que de 2000 a 2017, a vacinação contra o sarampo evitou mais de 21 milhões de mortes. Mas dados do Observatório de Saúde da Infância mostram como esses avanços dependem de altos índices vacinais para serem mantidos. Em 2020, o Brasil registrou o maior número de mortes infantis por sarampo em quase duas décadas: foram dez vítimas fatais, com menos de cinco anos de idade. Atualmente, os números são mais favoráveis e nenhum caso foi registrado desde o ano passado. Mas a coordenadora do Observatório, Patricia Boccolini, destaca que isso não significa que o risco acabou.

“Por mais que o vírus não esteja circulando, a gente tem baixas coberturas, o que se tornaria um ambiente propício para, por exemplo, um caso importado que chegasse aqui.”

E a vacinação precisa ser feita de forma homogênea em todo o país. Em 2018, o surto começou pela Região Amazônica, justamente onde as taxas de vacinação eram menores, ficando em apenas 60% no Pará, por exemplo. Em 2019, quase metade dos municípios brasileiros não atingiram a meta, mas essa proporção passou de 83% nesse estado. O alerta é da presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mônica Levi.

“Não é só ter alta cobertura, a gente não pode ter nichos localizados de não vacinados, você põem tudo a perder. Então você tem que ter homogeneidade. Se você largar um grupo aí para trás, a doença vai ter risco para todo mundo.” 

A pesquisadora da Fiocruz Lurdinha Maia reforça qual o esquema ideal.

“A gente precisa cumprir uma meta de 95% de vacinação e uma única dose não interrompe, não dá a imunidade necessária. É uma dose aos 12 meses e a segunda dose aos 15 meses.”

A vacina que protege contra o sarampo é a tríplice viral, que também imuniza contra a rubéola e a caxumba. No ano passado, apenas 80% das crianças tomaram a primeira dose, e menos de 58% completaram o esquema com a segunda.

 

Especial PNI 50 anos

A Radioagência Nacional publica o Especial PNI 50 anos, em comemoração ao cinquentenário do Programa Nacional de Imunizações. Essa é a quarta reportagem da série.

 

Confira as matérias abaixo:

PNI 50 anos: como surgiu o Programa Nacional de Imunizações
PNI 50 anos: Zé Gotinha é o “herói” das campanhas de vacinação
Em 50 anos, programa de imunizações já erradicou pólio e mais doenças
PNI 50 anos: queda na taxa de vacinação resultou na volta do sarampo

 

Ficha Técnica:

Reportagem: Tâmara Freire

Edição: Roberta Lopes

Colaboração: Vinicius Lisboa, da Agência Brasil

Publicação Web: Renata Batista



Este é um resumo criado com inteligência artificial, leia a notícia completa no site do autor: Agencia Brasil – Link Original

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