de anti-Kirchner a candidato peronista – @gazetadopovo



Sergio Massa é o candidato à
presidência da Argentina pela coalizão União pela Pátria, que nesta eleição de
2023 representa o peronismo e reúne diversos partidos da esquerda argentina.
Atual ministro da Economia do criticado e desastroso governo de Alberto
Fernández, Massa, que iniciou sua carreira política imerso no peronismo, por um
período não teve seu discurso tão favorável a alguns membros do movimento
político.

A primeira “virada” do atual
ministro e candidato ocorreu em 2009, quando ele deixou o cargo de chefe de
Gabinete de Ministros do então governo de Cristina Kirchner (2007-2015).
Naquela época, Massa se desentendeu com Cristina após saírem informações na
mídia internacional de que, durante um jantar nos EUA, ele teria chamado o
ex-presidente da argentina Néstor Kirchner (2003-2007), marido de Cristina, de “psicopata,
monstro e covarde”.

Foi a partir dessa saída que o agora representante do peronismo argentino começou a criar “asas próprias” e seguir seu próprio caminho. Massa rompeu seus vínculos com Cristina Kirchner oficialmente em 2013 e fundou o seu próprio partido: a Frente Renovadora. Ele se tornou um crítico ferrenho do governo kirchnerista, acusando-o na época de ser autoritário, populista e corrupto.

Em 2015, quando lançou sua
primeira candidatura presidencial, o agora aliado de Kirchner escreveu em seu
perfil do X (antigo Twitter) que com ele – caso fosse eleito – se encerrava a “era
K”, fazendo referência ao kirchnerismo na liderança da Casa Rosada.

“Não importa a violência ou talão
de cheques [suborno] que queiram usar. Hoje, o FPV [Frente para Todos, coalizão
peronista na eleição da época] significa fraude, prepotência e violência”, diz
a publicação que
ainda está disponível.

Na mesma eleição de 2015,
Massa se apresentava como uma “opção renovadora e progressista”, que buscava
combater a “corrupção, a insegurança e a inflação que afetavam o país”. O
discurso apresentado na época era bem diferente do atual.

Em seu lançamento como
candidato à presidência naquele ano, Massa não poupou críticas ao kirchnerismo
e defendeu o julgamento e a prisão de membros corruptos do governo de Cristina,
afirmando que o caminho correto para o país “não era o da impunidade” e que a
“corrupção o enojava”.

O discurso, no entanto, não
foi o suficiente para levá-lo ao posto de presidente. Naquela eleição, Massa
terminou em terceiro lugar. Mas nem por isso deixou de fazer oposição ao
kirchnerismo. No segundo turno de 2015, ele apoiou veladamente o candidato da
oposição Mauricio Macri, que ganhou aquela disputa contra Daniel Scioli,
escolhido de Cristina, e foi presidente da Argentina de 2015 até 2019.

Massa continuou com seu
discurso contra membros do peronismo e contra Kirchner mesmo após a disputa de
2015. Em 2017, nas eleições legislativas, ele concorreu ao cargo de senador
pela província de Buenos Aires para poder “barrar” Cristina Kirchner, que
também disputava o mesmo posto, na mesma província.

Em uma entrevista concedida
para uma emissora argentina na época, Massa chegou a acusar Kirchner de
disputar as eleições legislativas para poder “fugir da ação da justiça”.

“Cristina [Kirchner]
precisa ser candidata porque ela precisa de imunidade parlamentar e encontrar
um guarda-chuva que a proteja das ações da Justiça”, disse Massa.

A ação do atual ministro não
foi suficiente, já que Cristina ganhou uma cadeira no Senado argentino em 2017.
Novamente, ele não amenizou seu discurso e manteve suas críticas contra o
kirchnerismo até o final de 2018.

A versão de Sergio Massa contra o kirchnerismo e suas críticas contra membros do peronismo durou até 2019, quando ocorreu a segunda “virada” na carreira política do argentino. De “opositor ferrenho” e crítico da corrupção dos governos Kirchner, Massa decide desistir de uma disputa independente pela presidência para se aliar novamente ao peronismo e ao kirchnerismo.

Nas eleições presidenciais de
2019, Massa “se esqueceu” das críticas feitas contra os governos kirchneristas
e decidiu integrar a coalizão peronista Frente de Todos, liderada pelo atual
presidente da Argentina, Alberto Fernández, e pela atual vice-presidente do
país, Cristina Kirchner, a mesma que foi alvo principal durante anos dos duros
discursos proferidos pelo atual ministro e candidato argentino.

Naquele momento, Massa argumentou que era necessário “unir o peronismo” para derrotar o então presidente e candidato à reeleição Mauricio Macri.

A coalizão funcionou e saiu vencedora das eleições de 2019. Naquele momento, Massa liderou a lista de deputados peronistas que chegaram ao parlamento argentino. Ele foi eleito presidente da Câmara dos Deputados da Argentina em 2019 e se tornou uma figura central na aprovação de projetos do governo de Fernández e Kirchner. Ele também teve um papel crucial na aprovação de leis como a legalização do aborto até 14 semanas e a lei do imposto sobre as grandes fortunas.

Desde as eleições de 2019, Massa tem sido novamente um fiel aliado do kirchnerismo e do peronismo. Em 2022, com apoio de Cristina Kirchner, se tornou o “superministro” da Economia da Argentina, em meio a maior crise econômica que o país já vivenciou em décadas, agravada pelas disputas entre Kirchner e Fernández e pelas políticas do governo desastroso que se encerra neste ano.

Impopular e sem representantes
mais fortes, o peronismo liderado por Kirchner e Fernández se uniu e decidiu
apoiar a candidatura de Massa.

“Os militantes e cidadãos ficaram surpresos com a pré-candidatura [de Massa]. Mas, para vencer, é preciso apostar. Era necessária uma lista de unidade para os graves problemas da sociedade argentina”, disse Cristina Kirchner sobre a candidatura do ministro.

Com as bênçãos de Fernández e Kirchner, Massa ganhou as primárias da coalizão peronista em agosto e neste domingo (22) disputará a presidência da Argentina como principal representante do movimento político contra o libertário Javier Milei e a candidata de centro-direita Patrícia Bullrich.





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