Mercados argentinos caem após Massa ser o mais votado no primeiro turno – @gazetadopovo



Os mercados de títulos e ações da Argentina caíram nesta
segunda-feira (23) em uma reação adversa ao resultado da eleição presidencial
deste domingo (22), onde o candidato peronista e atual ministro da Economia da
Argentina, Sergio Massa, terminou em primeiro lugar à frente do candidato
libertário Javier Milei.

Massa e Milei irão se enfrentar no segundo turno marcado para o dia 19 de novembro, o que amplia ainda mais a forte incerteza que domina os investidores sobre o futuro da segunda maior economia da América do Sul.

A reação nos mercados de câmbio foi mista, mas igualmente
eloquente quanto à volatilidade que prevalece nos círculos financeiros da Argentina,
que aguardam uma decisão sobre quem comandará o país a partir de 10 de
dezembro.

Ninguém esperava que Massa, da coalizão peronista União pela Pátria, obtivesse a maioria dos votos no domingo – 36,68%. Incluindo o mercado, que até o final da semana passada dava como quase certa uma vitória em primeiro turno para o economista Javier Milei, da coalizão A Liberdade Avança, que no fim obteve 29,98% e enfrentará Massa novamente em novembro.

“A
volatilidade se estenderá por mais um mês, porque por fim haverá um segundo
turno que o mercado não precificou. O mercado havia apostado, especialmente na
sexta-feira [20], em uma vitória de Milei”, comentou Soledad López, da
consultora Rava Bursátil.

Os títulos
soberanos argentinos caíram em média 7% em dólares nesta segunda-feira, e o
índice S&P Merval, das principais ações da Bolsa de Valores de Buenos
Aires, despencou 12,36%.

De acordo
com o economista argentino Gustavo Ber, o “resultado surpreendente deixado
pelas eleições amplia a incerteza” a caminho do segundo turno, uma etapa
pela qual os investidores passarão “com um tom ainda cauteloso e
volátil”.

Um dos focos
de atenção será o comportamento dos mercados de câmbio, com um Banco Central
que promete apoiar a taxa de câmbio oficial, mas cujo nível de reservas é
crítico.

Nesta
segunda-feira, o valor do dólar americano no mercado informal fechou em 1,1 mil
pesos por unidade, quase três vezes a taxa oficial que quase ninguém pode
acessar. Já a principal referência para os chamados “dólares financeiros”
chegou a um patamar 171% mais alto do que o da taxa oficial, porque o resultado
de domingo já não deixa tão claro que a Argentina terá uma dolarização da
economia, como Milei propõe.

Além disso,
a administração de Massa tentará previsivelmente acalmar as tensões da taxa de
câmbio, ao menos até o segundo turno.

Sinal de Massa
para os mercados

Massa, de fato, insistiu nesta segunda-feira, em uma reunião com a imprensa internacional da qual a Agência EFE participou, em enviar sinais positivos aos mercados, não apenas para atravessar as próximas semanas com serenidade, mas também com o objetivo de gerar certeza com vistas a seu eventual governo, no qual ele promete colocar em “ordem” a economia argentina, que tem sido “atormentada por profundos desequilíbrios”.

“O que
o mundo espera da Argentina é equilíbrio, racionalidade, bom senso. O que ele
espera é temperança. O que ele espera é previsibilidade”, disse Massa, que
garantiu que a Argentina voltará a crescer em 2024.

O
“choque” de confiança que Massa busca é exatamente o que a agência de
classificação DBRS Morningstar informou nesta segunda-feira que o próximo governo
da Argentina precisará para tirar da crise uma economia que está “à beira
do abismo”.

“Se
Massa ou Milei conseguirem formar uma coalizão duradoura que rapidamente dê
apoio a um plano de estabilização abrangente, a Argentina poderá sair da
crise”, disse Michael Heydt, vice-presidente sênior de classificações
soberanas globais da DBRS Morningstar.

Caso contrário, de acordo com ele, “é provável que as perspectivas sejam caracterizadas por uma inflação altíssima, uma profunda recessão econômica e incerteza política”.



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