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Morte do presidente do Irã abre caminho para crise interna no país – @gazetadopovo



A morte inesperada do presidente iraniano, Ebrahim Raisi, confirmada nesta segunda-feira (20), ocorre em um momento crítico na política do Oriente Médio, palco de uma guerra entre Israel e o Hamas, e também coloca em xeque a estabilidade interna do país.

Isso porque Raisi era visto como um dos favoritos a suceder o aiatolá Ali Khamenei, de 85 anos, na posição de líder supremo do Irã, a autoridade máxima de Teerã, responsável por comandar as Forças Armadas e direcionar a política externa.

Com a confirmação do falecimento de Raisi no acidente de helicóptero, o país deve passar por um novo processo eleitoral obrigatório em junho, enquanto um governo interino assume as funções públicas e organiza o pleito, por meio da criação de um conselho que conta ainda com o presidente da Assembleia e o chefe do Judiciário.

Em meio a questionamentos sobre uma possível desestabilização nacional, o gabinete de governo do Irã indicou que o trabalho permanecerá sem interrupção, seguindo o modelo linha-dura de Raisi. No entanto, as circunstâncias levantadas pelos analistas apontam para alguns desafios em manter o padrão de trabalho do falecido líder.

O principal problema está no nome a substituir Khamenei no controle da República Islâmica quando ele morrer. Depois de Raisi, o segundo indicado para a posição, segundo especialistas, é um dos filhos do aiatolá, o clérigo Mojtaba Khamenei. Contudo, sua nomeação provocaria uma quebra na tradição do sistema político iraniano mais recente, fundado a partir da derrubada da monarquia em 1979, que permitia o nepotismo.

Uma fonte iraniana próxima ao gabinete de Khamenei disse à agência Reuters que o líder supremo não concorda com a candidatura do filho, justamente por essa questão, que indica um retrocesso a um sistema de governo hereditário monárquico, apoiado anteriormente pelos EUA.

Vali Nasr, professor de Estudos do Médio Oriente e Assuntos Internacionais na Escola de Estudos Internacionais Avançados John Hopkins, afirmou que Raisi queria assumir o papel e tinha o apoio de uma parcela da população e da ala política mais conservadora para tal feito. “Agora eles não têm candidato, e isso abre a porta para que outras figuras surjam como concorrentes sérios”, afirmou o analista à agência britânica.

De acordo com Nasr, as novas eleições vão ser o primeiro passo para mostrar “o que vem a seguir” na forma de administração do regime islâmico, visto que nada foi falado oficialmente sobre a sucessão até o momento.

Possíveis candidatos ao cargo

Ricardo Caichiolo, professor de Relações Internacionais do Ibmec Brasília, elencou alguns possíveis candidatos ao cargo de presidente em substituição a Raisi. São eles, o ex-presidente do Parlamento Ali Larijani; o ex-presidente Hassan Rouhani; o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad; o ex-prefeito de Teerã e atual presidente do Parlamento, Mohammad Bagher Ghalibaf; e o filho do aiatolá Mojtaba Khamenei.

O especialista explica que, apesar da relevância do cargo de presidente, quem detém verdadeiramente o poder do país é o líder supremo. Outros personagens importantes na política iraniana são o Conselho dos Guardiões, que dentre uma de suas atribuições é o de ratificar os projetos de lei produzidos pelo Parlamento; e a Guarda Revolucionária, uma importante força militar, mas também política e econômica do país.

“Enquanto isso, o presidente da república é encarregado de levar adiante as orientações do líder supremo, tendo uma função simbólica, em certa medida, atuando como um executor das políticas decididas por Khamenei”, explicou.

Para Caichiolo, apesar do risco de alguma instabilidade com a morte de Raisi, não há expectativa de mudanças na condução política de Teerã. Segundo o professor, “a natureza do regime em si não sofrerá alterações. Uma possibilidade concreta de derrubada do regime é altamente improvável, visto que demandaria grandes mobilizações da oposição e manifestações massivas, combinadas com o agravamento da situação econômica do país”.

Já o professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, apontou em entrevista à emissora CNN que lideranças ligadas à Guarda Revolucionária Islâmica podem pressionar o atual regime para acumular ainda mais controle sobre a direção política do país. “Há a possibilidade de ampliação desse risco e de mais radicalização”, disse.

Trevisan explica que Raisi era um nome forte para “segurar” os mais radicais no país, visto que tinha apoio dessa ala e sua ascensão política estar ligada a eles. “Qualquer outro nome pode ter que reelaborar as conexões com esses grupos que são muito fortes no Irã”, afirma.

Em março, o Irã promoveu eleições parlamentares, marcadas por uma vitória dos conservadores, apoiados por Khamenei e Raisi, apesar da participação de eleitores ter sido a mais baixa da história da república islâmica (cerca de 41% dos 61 milhões de milhões de pessoas convocadas às urnas).

Política externa deve ser mantida

Para especialistas em Oriente Médio, no âmbito da política externa, o Irã deverá se manter como uma liderança regional, seguindo com seus objetivos de minar a influência americana na região e destruir o Estado de Israel, país visto como uma ameaça a Teerã. No mês passado, o Irã lançou um ataque direto contra o território israelense pela primeira vez desde a fundação da República Islâmica.

Caichiolo explica que as hostilidades contra Israel são definidas pelo líder supremo e organizadas pela Guarda Revolucionária, que mantém contato com milícias como o Hezbollah, os Houthis e o Hamas. “O presidente exerce, em regra, menos influência sobre as ações militares. Nesse sentido, o modus operandi e a estratégia do Irã com relação a Israel tendem a seguir na mesma linha, inclusive com seu programa nuclear”.

Outro ponto que deve influenciar as novas eleições presidenciais é a situação econômica da população iraniana, que enfrenta uma dura inflação – superior a 50% – que elevou significativamente o preço de produtos e serviços básicos.

Ligado a isso, o regime teocrático tem se mostrado cada vez mais violento. A ong Anistia Internacional denunciou que, somente no ano passado, o Irã executou mais de 850 pessoas, o maior número dos últimos nove anos.

Grupos de diretos humanos relacionam a maior repressão à tentativa do regime de frear o número de protestos, para não acontecer o mesmo movimento de 2022, que resultou na morte de centenas de pessoas e milhares de detenções.



Acesse esta notícia no site do Gazeta do Povo – Link Original

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