o que é a Jihad Islâmica Palestina, que Israel diz ter bombardeado Gaza – @gazetadopovo



Nesta terça-feira (17), o
hospital cristão Al Ahli, localizado na Faixa de Gaza, foi alvo de um
bombardeio que resultou na morte de 500 pessoas,
segundo informações do Ministério
da Saúde local, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas.

O bombardeio desencadeou uma intensa
troca de acusações entre Israel, o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina. Os três
estão envolvidos no conflito que está ocorrendo no Oriente Médio desde o último
dia 7 de outubro, quando o grupo terrorista palestino Hamas atacou o Estado de
Israel.

O grupo terrorista Hamas atribuiu o ataque ao hospital a Israel, enquanto Israel culpou os extremistas da Jihad Islâmica Palestina, outro grupo terrorista baseado na Faixa de Gaza e que é aliado do Hamas. Por sua vez, membros da Jihad Islâmica negaram as acusações de Israel, afirmando que não utilizam “locais de culto, instalações públicas, especialmente hospitais, para atividades militares”.

Segundo um comunicado divulgado
pelas Forças de Defesa de Israel, o bombardeio que atingiu o hospital em Gaza
foi fruto de uma falha no lançamento de foguetes da Jihad Islâmica Palestina que
seriam lançados em direção ao Estado de Israel.

Uma análise feita pelos militares
israelenses constatou que uma barragem de foguetes foi disparada por
terroristas em Gaza e falhou no momento em que estava nas proximidades do hospital
na hora em que ele foi atingido. Segundo Israel, essa falha no lançamento teria
resultado na explosão que vitimou os 500 civis.

Nesta quarta-feira (18), o
Serviço de Inteligência dos Estados Unidos também atribuiu a responsabilidade
pelo bombardeio ao hospital em Gaza à Jihad Islâmica Palestina
,
alinhando-se à análise feita pelo governo de Israel.

As autoridades americanas
afirmaram que, com base em diversas evidências, incluindo imagens de satélite e
vídeos, chegaram a uma conclusão preliminar indicando que a explosão resultou
de uma falha no lançamento de um foguete disparado pelo grupo terrorista palestino
aliado do Hamas.

A porta-voz do Conselho de
Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, declarou nesta quarta-feira
que, enquanto os EUA continuam a coletar mais informações, a “avaliação atual é
de que Israel não é responsável pelo incidente no hospital de Gaza ocorrido na
terça-feira”.

O que é a Jihad Islâmica Palestina?

A Jihad Islâmica Palestina é um grupo terrorista que, assim como o Hamas, também opera na Faixa de Gaza. Um de seus objetivos principais é estabelecer um Estado islâmico na Palestina e eliminar o Estado de Israel.

O grupo terrorista islâmico é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos, Reino Unido e pela União Europeia. A Jihad Islâmica Palestina também é responsável por realizar vários ataques contra civis israelenses, incluindo atentados suicidas, como o que ocorreu em Jerusalém em 2003, que deixou 17 mortos e diversas pessoas feridas, e o lançamento de foguetes em áreas habitadas por civis israelenses.

A Jihad Islâmica Palestina foi
fundada em 1981, por um grupo de estudantes universitários do Egito liderados
por Fathi al-Shiqaqi, um médico e ativista político. A inspiração para a
criação do grupo palestino partiu da Revolução Islâmica do Irã de 1979 e da
Irmandade Muçulmana, considerada uma organização terrorista pelo Egito.

O grupo se opunha ao “nacionalismo
secular” da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e defendia uma
luta armada baseada na ideologia extremista islâmica para “libertar” a Palestina
e destruir Israel. Segundo informações da Al Jazeera, a Jihad Islâmica
Palestina recebe apoio financeiro, militar e político do Irã, que vê o grupo
terrorista como um aliado em sua luta contra o Estado de Israel e os Estados Unidos
no Oriente Médio.

Robert Fisk, que morreu em
2020 e foi durante anos correspondente no Oriente Médio do jornal britânico The
Independent,
escreveu no obituário que fez sobre al-Shiqaqi em 1995, que o
fundador da Jihad Islâmica leu todas as obras de Karl Marx, apesar de “não ter
sido influenciado” por nenhuma delas.

Os terroristas da Jihad Islâmica
Palestina foram uma das principais forças da Primeira Intifada, a revolta
popular palestina realizada contra os israelenses em 1987. Desde então, o grupo
vem realizando diversos ataques contra soldados e civis israelenses, buscando sempre
provocar uma reação violenta por parte de Israel e minar as negociações pela
paz no Oriente Médio.

A Jihad Islâmica Palestina também
se envolveu em confrontos com a Autoridade Nacional Palestina, o governo
autônomo estabelecido na região após os acordos de Oslo, acusando-o de “trair a
causa palestina” ao negociar com Israel.

Em 1995, al-Shiqaqi foi
assassinado por agentes israelenses na ilha de Malta, e foi sucedido na
liderança da Jihad Islâmica por Ramadan Shalah, um professor universitário que
já havia lecionado nos Estados Unidos. Shalah manteve a linha dura do grupo e
intensificou os ataques contra Israel durante a Segunda Intifada, que eclodiu
em 2000.

Sob seu comando, os
terroristas da Jihad Islâmica se aproximaram do Hamas, que também compartilha
do objetivo de “resistir aos israelenses” por meio da luta armada. Ramadan
Shalah ficou no comando da Jihad Islâmica até 2018. Ele faleceu em 2020 por complicações
causadas por um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Atualmente, o líder da Jihad
Islâmica Palestina é Ziyad al-Nakhalah, que vive em Teerã, capital do Irã. Ele assumiu
a liderança do grupo após a saúde de Shalah se deteriorar em 2018 e foi “reeleito”
como chefe da Jihad Islâmica em março deste ano.

A relação entre a Jihad Islâmica e o Hamas nem sempre foi tão harmoniosa. Em 2006, quando o Hamas venceu as eleições legislativas palestinas, a Jihad Islâmica Palestina se recusou a participar do processo político local e criticou o Hamas por “moderar” sua postura ao participar das eleições. Posteriormente, o Hamas assumiu em 2007 o controle de Gaza após um conflito armado com o Fatah e a Autoridade Palestina.

Apesar disso, a Jihad Islâmica
Palestina manteve sua independência operacional e não seguiu em nenhum momento
as orientações do Hamas sobre quando ou como atacar o Estado de Israel.

A Jihad Islâmica Palestina tem sido um dos principais protagonistas dos conflitos entre Israel e Gaza nos últimos anos. O grupo já lançou centenas de foguetes contra Israel em resposta aos ataques aéreos israelenses que visavam eliminar os líderes e as infraestruturas críticas da organização terrorista.

Em novembro de 2019, a Jihad Islâmica desencadeou uma escalada de violência após Israel matar Baha Abu al-Ata, um dos principais comandantes do grupo, em Gaza. Em maio de 2021, o grupo terrorista se juntou ao Hamas na ofensiva contra Israel após os confrontos em Jerusalém.

Estima-se que a Jihad Islâmica
Palestina tenha cerca de 5 mil membros armados em Gaza e alguns outros milhares
na Cisjordânia. O braço armado do grupo terrorista se chama Brigadas Al-Quds, que
foram criadas em 1992 e operam tanto em Gaza quanto na Cisjordânia.

Diferente do Hamas, a Jihad Islâmica não possui uma carta formal de princípios, mas segue uma ideologia baseada no islamismo radical e no “antissionismo”. O grupo não reconhece a existência de Israel e rejeita qualquer solução pacífica ou política para o conflito entre palestinos e israelenses.

Segundo informações de agências internacionais, os terroristas da Jihad Islâmica têm pouca influência política ou social entre os palestinos, mas conta com o apoio de alguns setores que simpatizam com sua postura radical e sua “resistência armada”.  Eles também possuem laços com outros grupos extremistas do Oriente Médio, como o Hezbollah no Líbano e a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), organização marxista-leninista fundada em 1967.



Acesse esta notícia no site do Gazeta do Povo – Link Original

Compartilhe
Notícias Relacionadas
Informe seus dados de login para acessar sua conta