Em
meio à turbulência política que assola a Venezuela neste momento, uma figura um
tanto “sombria” se destaca no poder: o procurador-geral Tarek William Saab
Halabi.
Um
chavista fervoroso e membro ativo dos movimentos da extrema-esquerda, Saab
nasceu na cidade de El Tigre, localizada no estado venezuelano de Anzoátegui,
em 1962. O procurador é fruto de uma família de imigrantes libaneses e desde
cedo esteve envolvido com os ideais revolucionários.
Saab
chegou a integrar movimentos de esquerda extremistas como o PRV-Ruptura, que
era liderado pelo guerrilheiro Douglas Bravo.
Formado
em direito pela Universidade Santa Maria de Caracas e pós-graduado em direito
penal, Saab começou sua ascensão na vida pública após conhecer o ditador
venezuelano Hugo Chávez, na década de 1990. Naquele momento, ele e um grupo de
juristas conseguiram fazer com que o presidente venezuelano Rafael Caldera
(1994-1999) concedesse a Chávez um indulto pela tentativa de golpe fracassada
de 1992.
Chávez
chamava Saab de o “poeta da revolução”, devido a sua paixão pela poesia e os
diversos poemas publicados por ele desde os seus 15 anos.
Desde
sua entrada na vida pública, o procurador já foi deputado, presidente de
comissões do Parlamento venezuelano e governador do seu estado natal,
Anzoátegui, por oito anos, de 2004 até 2012. A população acusa seu governo em
Anzoátegui de ter sido extremamente corrupto.
Sua
trajetória até cargo de procurador-geral da Venezuela é marcada por sua
fidelidade inabalável ao regime de Caracas. Antes de assumir o cargo de
procurador, Saab já era conhecido por sua atuação como Defensor do Povo, órgão
equivalente a defensoria pública, onde defendia com fervor as políticas do
chavismo.
Sua
nomeação para o cargo de procurador-geral ocorreu em 2017, quando a então
Assembleia Nacional Constituinte, de maioria chavista, afastou a procuradora
Luisa Ortega Díaz, que havia se tornado uma crítica das ações repressivas do
regime de Nicolás Maduro.
Ortega Díaz chegou a classificar a Assembleia Constituinte, que naquele momento substituiu o parlamento de maioria opositora, como ilegal e foi acusada pelo chavismo de ter cometido “falhas graves no exercício das suas funções”.
Como
procurador, Saab tem sido nos últimos meses o arquiteto de uma campanha de
repressão brutal contra a oposição venezuelana. Por causa de seu histórico de
lealdade ao chavismo, ele é frequentemente visto como o braço direito de Maduro
na luta para silenciar qualquer voz dissidente no país sul-americano.
Sob a
gestão de Saab, a procuradoria-geral venezuelana tem emitido uma série de
acusações e ordens de prisão contra figuras proeminentes da oposição, muitas
vezes sob alegações questionáveis de conspiração e traição. Atualmente, seu
nome é sinônimo de medo entre aqueles que ousam desafiar o status quo do
país sul-americano.
O
procurador também é conhecido por sua habilidade em manobrar dentro do Tribunal
Supremo de Justiça (TSJ), onde tem aliados dispostos a validar suas ações.
Mesmo
com sua reputação autoritária, Saab mantém uma imagem pública de “defensor dos
direitos humanos”, frequentemente fazendo declarações sobre a importância da
justiça social e da igualdade. No entanto, suas ações contam uma história
diferente, revelando um homem disposto a usar qualquer meio necessário para
proteger o regime a que serve.
A
atual perseguição liderada por Saab contra opositores não se limita somente aos
líderes políticos. Jornalistas, ativistas e qualquer cidadão que se manifeste
contra o governo também estão em seu radar, prontos para serem declarados como
“traidores da pátria” e investigados por crimes um tanto questionáveis.
A
ativista de direitos humanos Rocío San Miguel está entre os seus alvos. Neste
momento, segundo sua equipe de defesa particular, San Miguel está enfrentando
um processo judicial, após ter sido presa em fevereiro, sem nem sequer ter
direito aos seus advogados pessoais.
Além
San Miguel, Saab mandou prender cerca de 12 membros do partido de María Corina
Machado, o Vente Venezuela, e expediu outros diversos mandados de prisão contra
opositores que tiveram que se refugiar na embaixada argentina em Caracas para
tentar se proteger.
Todas
essas prisões foram feitas no âmbito da investigação de Saab sobre a suposta
tentativa de conspiração para derrubar o regime de Maduro.
Classificada
pelo chavista como “Bracelete Branco”, a conspiração, segundo Saab, teria sido
planejada na Colômbia, sob coordenação dos EUA, e visava assassinar Maduro e
tomar o poder na Venezuela por meio da ocupação dos quartéis militares.
Até
o momento Saab não apresentou nenhuma prova concreta desta operação. O único
material existente sobre o tema é um vídeo onde um ex-militar opositor de
Maduro, Anyelo Herédia, “confirma”, claramente sob pressão, que havia planejado
matar o ditador e citava nomes da oposição como “apoiadores” da ação.
Por
causa de suas posições controversas, Saab foi sancionado por vários países,
incluindo os Estados Unidos, Canadá e estados-membros da União Europeia, sob a
acusação de “minar a democracia na Venezuela”. Tais sanções foram uma resposta
da comunidade internacional à deterioração da democracia e dos direitos humanos
no país sul-americano.
Outras sanções e condenações têm sido direcionadas tanto contra ele quanto a outros membros da ditadura de Maduro, numa tentativa de pressionar por mudanças. Contudo, Saab permanece firme em sua posição, desafiando as críticas e reforçando sua lealdade ao regime vigente em seu país.
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