Parlamentares da Transnístria, um pequeno território separatista do leste europeu, aprovaram uma resolução em um congresso extraordinário, realizado na capital Tiraspol, nesta quarta-feira (28), solicitando proteção da Rússia contra medidas de retaliação econômica da Moldávia, país de quem supostamente se separou, apesar da falta de reconhecimento internacional sobre sua independência.
Os deputados afirmaram que o governo moldavo está bloqueando importações vitais à região e impondo tarifas com o objetivo de desestabilizar o enclave pró-Moscou.
A Moldávia fazia parte da União Soviética e se tornou independente em 1991, no entanto, em meio ao processo de decadência dos comunistas, foi iniciado um conflito interno entre a República da Moldávia e grupos separatistas que estavam interessados em manter laços com os russos.
Desde então, nas últimas três décadas, o pequeno território da Transnístria, com seus 465 mil habitantes, conta com presença militar russa – cerca de 1.500 homens. Além disso, o local mantém as antigas influências soviéticas: ruas com nomes de comunistas, monumentos e datas comemorativas importantes. Em frente ao edifício do Parlamento, na capital Tiraspol, há uma estátua de Lenin, por exemplo. Apesar disso, sua independência não é reconhecida por nenhum membro das Nações Unidas, que ainda consideram a região como parte da Moldávia.
Após a mobilização parlamentar para a Rússia se envolver na disputa local, o Ministério das Relações Exteriores de Moscou afirmou que considerava a proteção dos “compatriotas” como uma de suas “prioridades”.
O estreito território da Transnístria é visado pelo governo de Putin devido à sua localização estratégica entre a margem oriental do rio Dniester e a Ucrânia. Um eventual controle da região poderia cortar o acesso de Kiev ao Mar Negro e seria um “corredor” de lançamento para ataques a oeste do país invadido. Uma das cidades ucranianas vizinhas à região é a de Odessa.
Desde a sua autoproclamada independência, a Transnístria ganhou os holofotes das disputas geopolíticas na Europa devido a possibilidade de uma anexação à Rússia. Em 2006, um referendo que não foi reconhecido pela comunidade internacional indicou que 97% dos eleitores eram a favor da independência e da união do território com a Rússia.
A zona separatista também é conhecida por abrigar o maior arsenal soviético da Guerra Fria: um depósito com cerca de 20 mil toneladas de armas e munições, que são protegidas por tropas de Moscou. Atualmente, mais de 200 mil cidadãos russos vivem na região.
A mais recente petição do parlamento se assemelha à que foi lançada pelos separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, quando foi iniciada a invasão a Kiev, em fevereiro de 2022. Esse foi um dos pretextos usados por Vladimir Putin para lançar seu ataque em larga escala contra a Ucrânia, naquela ocasião.
O ministério das Relações Exteriores da Ucrânia instou o governo moldavo e os separatistas da Transnístria a buscarem “uma solução pacífica dos aspectos econômicos, sociais e humanitários”, sem interferência externa.
O caso também repercutiu Washington, onde o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que os “Estados Unidos apoiam fortemente a soberania e a integridade territorial da Moldávia dentro das suas fronteiras reconhecidas internacionalmente”.
Já o premiê polonês, Donald Tusk, classificou as tensões na Moldávia como “perigosas” para o continente como um todo e “e não apenas para Kiev”.
O presidente da Transnístria, Vadim Krasnoselskiy, afirmou que busca um “diálogo pacífico” com o governo moldavo, que é pró-Europa, se distanciando do pronunciamento dos parlamentares pró-Rússia, enquanto a presidente da Moldávia, Maia Sandu, negou um boicote à economia da região. “O que o governo está fazendo hoje é dar pequenos passos para a reintegração econômica do país”.
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