Cerrado: de janeiro a julho, bioma teve 500 mil hectares desmatados – @agenciabrasil


Estamos entrando em agosto. Período que agrava a seca no sertão, no interior do Brasil. Sertão que Guimarães Rosa registrou em seus escritos, coberto pelo cerrado brasileiro.

O segundo maior bioma do país, o cerrado, ocupa 23% de todo território nacional, presente em mais de 12 estados. E metade disso já foi devastado pelo homem.

Dados oficiais e de institutos independentes alertam para o crescente desmatamento do cerrado. Segundo o INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, de janeiro a julho deste ano foram mais de 500 mil hectares desmatados.

Luis Maurano, tecnologista do Inpe, diz que 2022 foi marcado pela devastação recorde do cerrado.

“Entre agosto de 2021 e julho de 2022, o cerrado perdeu 10.700 quilômetros quadrados. Ele vinha se mantendo na faixa de nove mil quilômetros quadrados em 2010, 2011, 2012, cai a níveis de 7.500 entre 2016 até 2019, e de 2019 em diante vem num ritmo de crescimento do desmatamento anual.”

Já o levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia mostra que, no primeiro semestre deste ano, aumentou o desmatamento no cerrado em 28% em comparação com o ano passado.

Onde se via campos, arbustos, matas, buritis, veredas… Hoje é ocupado por grandes plantações de soja, milho, cana, eucalipto e criação de boi.

A bióloga Mercedes Bustamante, hoje presidente da Capes, alerta que as queimadas nesse período seco surgem pela ação do homem para a expansão do agronegócio.

“Em geral, o regime de queimada natural do cerrado ocorre mais no início do período chuvoso. É quando nós temos cargas elétricas na atmosfera e a vegetação ainda está seca, o que propicia os incêndios. Esse aumento das queimadas no auge do período seco, o que a gente observa hoje, está muito associado à atividade humana, ou seja, os seres humanos colocando fogo no cerrado.”    

Berço das águas, o cerrado abriga as nascentes dos maiores rios do país. Os rios São Francisco, Araguaia, Tocantins, Paraná. Sem o cerrado, pode faltar água para o abastecimento, agricultura e energia, como destaca o diretor do Instituto Cerrados, Yuri Salmona.

“Os instrumentos legais que temos até agora para pensar a contenção do desmatamento no cerrado e a própria manutenção do serviço, que mantém a vida e a produção, dependem do cerrado de pé, em especial a água. Então, a gente tem que pensar que a água é o principal insumo para a própria agricultura, para a própria geração de energia. E o cerrado de pé tem uma função primorosa na manutenção do signo ideológico que é tão importante pra gente.”

Toda essa situação traz inúmeras preocupações para órgãos ambientais, ativistas e pesquisadores. Nas próximas matérias desta série especial, vamos discutir as causas do desmatamento no cerrado e alternativas que vêm sendo desenvolvidas.

Especial Cerrado

A Radioagência Nacional apresenta um especial com três reportagens sobre o cerrado. As matéria serão publicadas de 7 a 9 de agosto. Essa é a primeira da série.

 

Confira a relação completa abaixo:

  1. Cerrado: de janeiro a julho, bioma teve 500 mil hectares desmatados

 

Ficha técnica:

Reportagem: Gésio Passos

Produção: Salete Sobreira.

Sonoplastia: José Maria Pardal

Edição: Sheily Noleto

Publicação na Radioagência Nacional: Renata Batista



Acesse esta notícia no site da Agencia Brasil – Link Original

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