Um projeto pioneiro aqui no Brasil conseguiu gerar em laboratório um coral pela primeira vez após cinco anos de estudos.
A técnica pode ajudar a preservar os recifes de corais: aquelas estruturas rochosas e rígidas do mar produzidas pelo coral.
É o que explica o pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Leandro Godoy. “O coral é um animal, mas que surpreendentemente consegue desenvolver um esqueleto mineral e dentro do tecido do coral existem células vegetais. Esta parceria destas células vegetais dentro do tecido do coral que consegue dar alimento para o coral crescer e sobreviver”.
De acordo com Godoy, os recifes de corais representam menos de 1% da superfície dos oceanos. Mas pelo menos 25% da vida marinha vivem ou vão lá pra buscar alimento ou pra se reproduzir. No entanto, toda essa biodiversidade está ameaçada. É que nas últimas três décadas, 50% dos recifes de corais do planeta desapareceram.
” E o grande vilão é o aquecimento do oceano. Aquelas células vegetais que vivem dentro do tecido coral nessa situação que a gente tem aumento de temperatura, essa parceria entre o coral e essa célula se rompe. O coral perde a coloração e perde quem dava comida pra ele. Então nessas situações, o coral literalmente morre de fome. Esse aquecimento do oceano somado a algumas outras ameaças locais, como a pesca ilegal, a poluição, tudo isso tem levado a esta situação preocupante”.
A boa notícia é que o estudo do pesquisador Leandro Godoy permite preservar as células de reprodução dos corais. “Na verdade, o que fazemos é igual ao que se faz nas clínicas de reprodução humana assistida. Tenho a possibilidade de fazer a coleta do espermatozóides e do óvulo. E consegui desenvolver um protocolo para congelar esse material e mantê-lo a uma temperatura de nitrogênio líquido de quase a 200 graus negativos. Uma vez que a gente consiga isso, eu posso manter esse material preservado por tempo indeterminado porque é como se esse material tivesse paralisado no tempo”.
Essa técnica pode ajudar, no futuro, a repovoar a costa brasileira com novos corais. “Quando eu consigo utilizar uma técnica dessa para preservar o material genético dessa espécie, eu consigo evitar a extinção desses animais. E quando for de interesse, eu consigo descongelar esse material, promover a fertilização no laboratório sob condições controladas e gerar novos corais que podem ser usados para recuperar uma área do oceano que foi degradada”.
Segundo o Instituto de Recursos Mundiais, 850 milhões de pessoas no planeta se alimentam de peixes que usam os corais.
Além disso, os recifes de corais servem de barreiras naturais para os municípios costeiros.
“Recife de coral forma como se fosse um para-choque ao longo da linha de portos. Então imagine o quanto os municípios destas zonas costeiras teriam de gastar investindo na protecção costeira para evitar a erosão se não houvesse ali um recife de coral do lado protegendo”.
E a diversidade de cores e formatos dos corais também atrai os turistas.
Mais de 100 países se beneficiam da indústria do turismo em áreas de recifes. Só o Nordeste brasileiro movimenta R$ 7 bilhões por ano.
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